Afinal, o que é a Acessibilidade Digital?
A acessibilidade digital é um “direito tecnológico” pelo qual muitos utilizadores se vêm privados nos dias de hoje (ainda que muitos deles nem se apercebam disso). Atualmente, torna-se um desafio para as marcas e criadores de conteúdo perceber porquê e como melhorar esta questão.
A privação que muitos dos utilizadores hoje têm no acesso a alguns sites é um problema que muitas empresas não conseguem detetar, mas que, se resolvido, pode reconhecer-se como um grande fator impulsionador na entrega dos seus conteúdos. Na maioria das vezes, é involuntário, mas tem consequências negativas para ambos os lados.
Tratamos de um tema sempre atual e que está bem presente na nossa sociedade e no nosso meio virtual. Ainda que muitas pessoas e empresas o ignorem, a acessibilidade na forma digital deve ser igualmente reconhecida e devidamente trabalhada, de modo a que possa garantir a inclusão de pessoas tecnologicamente desabilitadas ou com deficiências reconhecidamente crónicas.
Porquê a acessibilidade digital e qual a sua importância
A acessibilidade é um direito por lei e por isso expande-se consequentemente aos meios digitais. A acessibilidade digital refere-se a um atributo ou possibilidade que assegura a qualidade de vida digital às pessoas. Pretende-se que nenhum cidadão se sinta desprovido ou excluído de informação e assim assegurar o acesso a toda a informação e comunicação – através de tecnologias de apoio – de forma igualitária não obstante as possíveis deficiências.
Em 2017, um terço da população portuguesa (com pelo menos 16 anos) tinha deficiências duradouras – sendo que a média da UE era de uma em cada quatro pessoas. É uma questão que tem um peso muito maior do que a perceção generalizada da sociedade.
É uma estatística que deverá servir como interpretação, conhecimento e até mesmo ponto de partida para novas atitudes. Uma sociedade desinformada ou excluída será sempre menos capaz de acompanhar o desenvolvimento tecnológico e a “vida” que surge através deste.
A informação produzida e aplicada online que pretenda ser vista e entendida por qualquer pessoa deve considerar a diversidade de utilizadores que esta pode alcançar. Quando essa informação é disponibilizada online, deve garantir que independentemente de quem seja o leitor, essa informação irá ser disponibilizada na íntegra de modo a satisfazer não só quem a disponibiliza como também quem a tem disponibilizada.
Um produto acessível consegue garantir que toda a sua informação alcance um maior número de visitantes/utilizadores.
Utilizadores com deficiências podem encontrar-se em situações permanentes (exemplo: um indivíduo com ausência de perceção individual – cegueira), temporárias (exemplo: um indivíduo com o braço partido) ou situacionais (exemplo: uma mãe a cuidar de um recém-nascido).
Para além destas deficiências mencionadas, o utilizador pode ver a sua acessibilidade reduzida pelo simples fato de possuir um dispositivo antigo ou até mesmo por uma possível má conexão. Assim sendo, qualquer um de nós está sujeito à possibilidade de estar sob uma deficiência ou debilidade circunstancial, o que reforça a importância da necessidade da melhoria geral da acessibilidade digital.
Como melhorar a questão da acessibilidade digital?
Uma boa dica para quem pretende iniciar metodologias de apoio/melhoria a utilizadores com estas deficiências é seguir a linha da diretriz WCAG.
A WCAG é um conjunto de diretrizes orientadas para a acessibilidade de conteúdo web. Foi definida pela W3C (World Wide Web Consortium – órgão que regulamenta todas as regras referentes às questões da interpretação de conteúdos web). Este conjunto de diretrizes possui, na versão atual, 78 critérios de sucesso, sendo que já está a ser preparada uma nova versão – 2.2.
Todos estes critérios estão divididos em 4 categorias, também conhecidos como princípios básicos:
Outra informação acerca da WCAG são os três níveis de conformidade em que a acessibilidade pode ser dividida: A, AA, AAA. Quanto maior for o número de A’s, maior será a acessibilidade do site. O terceiro nível de acessibilidade (AAA) implica questões mais complexas, uma vez que se trata de aspetos e questões mais difíceis de aplicar.
O uso de heading tags consiste no uso inteligente de títulos e subtítulos numa página. Esta prática, para além de organizada, é muito simples e pretende que quem lê uma página não fique confuso, promovendo assim a facilidade da acessibilidade aos utilizadores. Outra prática simples a adotar é o uso de semântica adequada, através da informação de “campos obrigatórios”, devidamente identificados (por exemplo) na construção de um formulário.
Existem benefícios da melhoria da acessibilidade digital?
O simples facto de colocar legendas num vídeo aumentará inquestionavelmente o engagement do seu conteúdo. O portador de uma deficiência auditiva (ou simplesmente com dificuldades auditivas), que anteriormente não conseguia consumir a sua informação, passará agora a poder absorver e reter o seu conteúdo digital.
É um simples passo que trará benefícios não só para quem produz o conteúdo como para quem o consome. É uma “win-win situation” que trabalha em prol do criador como também na melhoria desta temática. Existem benefícios não só para o utilizador que passa a disfrutar de uma interface de fácil acesso como também para quem o produz que consegue garantir uma melhor “entrega de outputs”.
Com estas práticas, a probabilidade de perdas de clientes torna-se menor visto que os clientes passam cada vez mais a entender melhor o site. Conseguindo assim ter um acesso mais abrangente ao conteúdo dos sites. Trabalhar a acessibilidade digital significa igualmente trabalhar o brand awareness de uma marca ou empresa. Uma empresa que trabalhe este aspeto, será devidamente entendida e com certeza terá um maior alcance.